A única e talvez grande vantagem de começar
uma animação sem saber nada sobre a técnica é que se aprende muito. E
rapidamente. Tudo é qualquer coisa é aprendizado, para qualquer área que nos
voltássemos, tínhamos praticamente tudo a aprender.
Como o roteiro nas mãos e o equipamento
básico – máquina fotográfica, programa de animação, notebook e iluminação - lá
fomos para a aventura. Passamos um dia inteiro tentando fazer a máquina
conversar com o programa, sem resultado. Finalmente, com a ajuda de uma
fotógrafa, Letícia Kamada, conseguimos a setagem correta. Infelizmente a
fotógrafa não pode integrar a equipe e nos ressentimos disso durante todo o
processo. Um fotógrafo ou, no mínimo, alguém que entenda suficientemente os aspectos
técnicos de uma câmera fotográfica é essencial numa equipe de criação. Isso sem
falar dos aspectos artísticos como luz, enquadramento, composição e outros.
Voltamos à iluminação, logo aprendemos que
uma câmera não é um olho humano, a capacidade de percepção é totalmente
diferente. Percebemos isso quando depois de gravarmos uma cena-teste, por um
dia inteiro. E stop motion, uma dia inteiro de trabalho não rende mais do que
20 minutos, isso em se tratando de profissionais. Nós, depois de um dia de trabalho
conseguimos alguns poucos segundos. E, decepcionados, percebemos, ao final do
dia, uma séria e constante oscilação da luz que não havíamos detectado durante
a captação. Imaginamos que fosse um problema do equipamento ou variação da
energia elétrica. A fotógrafa também elucidou a questão: intensidade de luz
insuficiente. Só aí, a coisa logou. E entendemos que cinema precisa de luz, a
noite no cinema é feita de luz. Uma câmera precisa de luz, muita luz. A
escuridão no cinema não é a escuridão da vida, é uma escuridão sugerida, feita
de luzes e filtros. A “noite americana” é filmada de dia com filtros, de forma
a sugerir uma noite onde as coisas podem ser vistas. Essa é a razão pela qual
nos filmes antigos ao se acender uma vela num ambiente escuro a luz da vela era
sempre auxiliada por outras luzes para que pudesse iluminar o ambiente a ser
visto. É claro que atualmente as câmeras são bem mais sensíveis à luz do que
antigamente, mas a regra geral permanece: o escuro é feito com luz.
Para a animação resolvemos trabalhar com
bonecos articulados e outra vez a inexperiência rendeu seus frutos. Mas isso é
assunto para a próxima postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário